"Ele nasceu na Natureza, chegou na cidade e entrou no coração". E vem fazendo seu trabalho sempre em situações necessitadas de luz, força a exemplo do golpe no Brasil.
Artérias, nome dado a uma série de trabalhos físicos realizados com a fotografia, e intervenções públicas urbanas, performances, vídeos e cerâmica. A artista iniciou a série sem o uso da cerâmica enquanto material vital, por meio de intervenções urbanas e performances Artérias continua a abordar a ocupação pela afetividade e a busca de um norte simbólico - territorial para a artista. Quem dissertou inicialmente sobre o conjunto de ações iniciadas em 2005 é Ana Maria Maia, jovem crítica e curadora de arte, também idealizadora do Portal Dois Pontos – Arte Contemporânea em Pernambuco.
Artérias aparece na trajetória da artista em 2005, quando se apropria do desenho do órgão vital para o corpo vivo, o coração, de Leonardo da Vinci e transporta em serigrafia para o papel realizando uma série de intervenções públicas onde transplanta o órgão para o corpo físico da cidade do Recife. Depois, em outra ação pública, insere o coração no corpo orgânico de participantes que desejam que outro coração lhe seja doado: na forma de serigrafia ou como tatuagem. De lá para cá a série Artérias adquiriu formas variadas, assumindo-se ora como ação direta com o público, ora impresso no corpo físico da cerâmica, em outras situações como vídeo-arte ou série fotográfica.
Artérias Viva, nome de uma instalação realizada para a exposição Minha Cabeça Nossa Natureza, pode ser lida como síntese da série Artérias, composto por muitas costuras e ajuntamentos, de fragmentos de processos artísticos, com poéticas e linguagens compartilhadas com outros artistas do vídeo, da fotografia, da música... Uma série que se desdobra em trabalhos variados, sensíveis, relacionais e que produz redes de participações, seja como público participador, seja como artista em colaboração.
Uma experiência leva a outra e a mais outra e mais uma ainda. Encadeadas. Como na representação, por exemplo, da série de objetos Um nasce do outro (2007) – nascidos do trabalho Artérias, são objetos/corações feitos do barro que a sobra de matéria de um, deriva o outro e mais um. A artista não sossega, produz incansavelmente seus trabalhos na mesma medida que respira. Christina Machado é obstinada pela vida e a inscreve como arte.
Artérias, a série nos impõe silêncios e pede contemplação, produz redes de solidariedades e afetividades, instaura a beleza nas cidades cotidianamente vilipendiadas, instaura e instala um coração no corpo máquina do homem na modernidade... Caminhando na contramão do que ocorreu no início do século XX, quando, por meio do processo de industrialização instaurou-se um relógio no coração do homem.
Invocação
Land Art Coletiva - 2005 - Engenho do Imaginário - Bezerros, Serra Negra, PE - Fotografia: Marcio Almeida
- Veja o catálogo: Fio do Tempo, Mostra do Imaginário
Artérias na rua - Garanhuns - 2005
- Veja o catálogo: Fio do Tempo, Mostra do Imaginário
Artérias na rua - Recife lambes com ação - SPA 2006
- Veja o catálogo: Fio do Tempo, Mostra do Imaginário